O Corvo (Primavera De Oliveira)
A literatura atravessa o tempo, corta a carne e o pensamento latente. The Raven – O corvo de Edgar Allan Poe, perdura no tempo e me assombra nas noites frias e escuras. Talvez, devido aos meus demônios pessoais e a solidão acompanhando meus momentos. O corvo e tantas outras aves amaldiçoadas acompanhando nossos dias. Então, espero que gostem da leitura do meu corvo pessoal e sombrio.
O corvo
O Corvo na espreita janela dentro do vento que assombra os aposentos, murmurei falsamente! E na janela o frio de dezembro em brasas navegantes. Eliel e nunca mais! Sobre a soleira espiando sobre a noite em névoas espessas, Eliel e nunca mais!
Eliel e os anjos, sua lembrança atormenta meus sonhos no fumegar das noites evidentes, nunca mais, diria no início da madrugada, o milharal se debatendo contra o vento. O Corvo presencia o precipício do tormento. Nunca mais! O vento. A cantiga da noite. O clarão da madrugada sombria. O ruído do vazio e nele o grito da noite em nuvens fumegantes, sobre o despontar da lua, lampejos e nunca mais.
E agora nessa hora, bate-me a porta nesse gorgolejo em espesso sombrio dos umbrais. Eliel, e nunca mais! Apenas o esguio do infinito e nada mais. Eliel, e os céus fumegantes esguiam um grito, e nunca mais!
E como no final da última nota, o tilintar do ruído diminuindo e fluindo na sombria noite, meu coração lampeja num sustenido, e agora e nunca mais.
O martelo trabalhando na noite névoa e silenciosa, murmurando batidas e nada mais.
A negritude do vazio e sobre a janela o corvo junto com o vento uivando lá fora. Em sua negritude e insolência da noite escura e em penumbras, apenas me disse: “nunca mais”.
E diante de tamanha noite sombria e apavorante da espreita janela sorriu-me a face densa e sufocante. E ainda sussurrando um som maldito e nada mais. E o Corvo ainda robusto e rígido diante dos umbrais da noite escura disseste teu nome e novamente o Corvo me disse: “ e nunca mais”.
E o corvo agourento e a cabeça inerte, então, o que trazeis dos umbrais infernais? E ele apenas disse: “não agora”. E grasnou rouco e sombrio me lembrando Eliel, e nunca mais.
Riste e inerte no robusto arcabouço a ave funesta e pálida emergia seu canto e nada mais.
Ave infeliz, agourenta, sombria e abismal, diz-me o que trazes dos umbrais? Desaparece ave sinistra e funesta. Deixei por hora nesse silêncio escuro! E o Corvo disse: “Não agora.” (Primavera De Oliveira)
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Primavera, respeitável releitura do Corvo, gostei por demais… ! Abraço!
Primavera
De teu corvo digo
eu só eu
na solidão de meu umbigo
Eliel nas nuvens
De lá, ele
só ele sente
essa dor infinita
dor do Ausente
Corvo a tordo
ardo feito
— Primavera —
eis por que
nunca mais.
– – – – – – – –
Tomo a liberdade de enviar (link) uma música, que bem pode não ser de seu gosto (conquanto espere que seja….), e que traz citação torta e boa sobre “O Corvo”
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“usar o sofrimento para poder flutuar”. Caramba. Obrigada.
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Orfeão de rãs, solfeja a lagoa / … / e vem o corvo do Alan Poe …
A passagem que destacou, linda, mesmo!
Abraço! Siga em frente. Você é muito talentosa, acho eu!
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Al last the crow said “,not now “beautifully written! Loved to read it! 👌👌
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Thanks for reading.
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Caracas, muito bom gostei. A dor nos emergir nas profundezas dos sentimentos, ou flutuar na leveza de nossa alma, transformando em novo ciclo de nossa vida. Um abraço fraterno do poeta Carvoeiro.
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Sim. A leveza vem depois que emergimos das profundezas de nossa escuridão. Gostei, obrigada. Obrigada
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