E se amanhã…
Talvez, amanhã, os horóscopos sejam favoráveis. Quem sabe, amáveis em suas previsões. Sem acidentes, novelas de curta duração, amores desfavoráveis.
Caramba! Um ano par. Quem sabe, amar? Ou explicações das construções invisíveis. Bom, amanhã irei acordar novamente com seu rosto em meu travesseiro. Com sua lembrança repentina. E mesmo que você não esteja presente, amarei assim mesmo. Novelas sempre são ilusórias. Mas, o amor é singelo e belo, mesmo na ilusão é real, doce. Vejo você em minha lembrança, tanto tempo, e infinitamente curto. Nesse ano cultivo algo que se perdeu, e agora foi achado, cultivado, lembrado. Meu doce amor.
Tanto tempo. Doce espera. Amargos os percalços da vida. Mas, nesse momento esperança de seu encontro, seu beijo, sua voz rouca. As músicas alucinantes, os jogos de futebol, sua alegria momentânea. Fotos, palcos de rock, assembleias casuais de amores desconexos.
Gozaria no seu corpo com o suave apertar de suas mãos. Seu sorriso devastador. Lusíadas, nossa epopeia, Dom Quixote, nem Dante, nem nada, apenas esse caminhar de calçadas fragmentadas. Nesse momento dou gargalhadas de nossa trajetória, tão emblemática, tão cristã, tão casta, ainda continuo querendo gozar em seu corpo, arranha-lo, estremecer no céu de nossas devastações. Adoraria me perder, desvencilhar todo o meu pudor. E por um minuto eu sentiria segura. Mas, apenas por um minuto. E talvez amanhã…
Bom, odeio tudo isso! Adoro esse encontro e depois todos os desencontros. Não importo. Gosto de tudo isso. E talvez amanhã eu siga novamente o rumo das bifurcações. As escolhas são minhas. Não quero uma estrada reta, feliz e certa. Adoro os desiguais, os desencontros que se encontram. E amanhã simplesmente não importa. Apenas gozar em seu corpo bastaria. E amanhã? Poderia escrever luxúria, esperança, amores, sexo, encontros. Mas, talvez apenas esse presente momentâneo supere todos os horóscopos e suas previsões alienantes.
Nesse momento poderia consultar meu mapa astral, minha bússola de loucuras, meus tormentos, meus afagos, minhas novelas, porém, aceito um único instante de pecados. E amanhã eu me confesso. Os zodíacos dizem que Urano deixará meu signo depois de março, amor e sexo, mais livres e satisfatórios. Noites de rock, sem palavras, apenas minhas mãos dadas a você, uma cerveja, meio sorriso, e amanhã não importa. Quem sabe…
Matilhas, uivam. O vento sussurra, seus sonhos prosperam. Minha vida acarreta inflamações de pesadelos alucinantes. Escolhas sempre incertas. Sem lógica. Devaneios? Não!
A vida real já embarga, reprime, sufoca a esperança. E amanhã? Doce, amarga, não importa.
Vivemos lampejos, instantes. Somos roubados constantemente em nossas ilusões. Falsas esperanças, engodos, misérias congelantes. Vejo você! Talvez amanhã todas as previsões dos horóscopos, sejam amigáveis. Merda de rotina. Conter as palavras, os sentimentos, a vida.
Todas essas batidas no meu peito tenho que sufocar, fingir ser eficiente num mundo de deficientes. Robôs adulterados. Etiquetas amargas. Pobre vida. Miseráveis vidas. Talvez seu beijo amenizasse. Um suspiro de esperança.
E talvez me perderia em sua presença. Mas, tão distante. Tão curtamente próximo. Tão emblemático. Tão bonito. E se amanhã você estivesse sem plantões, sem formulários. E eu soubesse que tudo é simples. Tudo tão verdadeiro. E então, amanhã alguma coisa mudaria. Seria por um momento diferente.
Caramba! Porcaria de ano par. De falsos momentos. Ilusões grotescas. Mas, você ainda continua tão belo e emblemático, usurpou meu coração em um segundo. Droga! O ano surgiu formidável! Que horror! Mas, seu sorriso conteve todo o meu desânimo. Meu sangue niilista. Ajoelhei nesse grito ensurdecedor. E se amanhã fosse diferente? Quem sabe! (Primavera De Oliveira)
***
A página agora possui uma chave Pix para que você possa colaborar com qualquer valor! Anote a chave e contribua para mantermos novas histórias. Chave: catiacatia178@gmail.com