Depreciações

   DEPRECIAÇÕES

Primavera de Oliveira

DIVISÃO

÷ {dividiu}

O MAR

E O AMOR,

DEPOIS  

÷ {dividiu}

LEVEMENTE A ALMA.

EM PRANTOS

CHOROU,

E NO FINAL

TUDO FICOU

÷ {dividido}.

INFINITO

Pequeno

Desajustado

Meu amor

Por você.

INFINITO

Infinitamente morto

E novamente

Infinito

Esse amor.

DESENHAR

Meu coração.

Minha alma.

Meus olhos para você.

Minha dor.

Meu amor.

CORPO

Deitado sobre o seu corpo.

Nem meu.

Nem seu.

Sonhos.

 
                  

Corpos e camas.

Tranquilizar a alma.

Pensamentos

Distantes.

E seu semblante

Eu vejo nesses instantes.

Apenas deitar

E acalmar a alma.

CLAUSTROFOBIA

                                                 S

                                 U                           

                       A                                         T

              L                                                         R

                                         FOBIA

          C                             MEDO                         O

                A                                                      F

                       I                                      O

                                         B               

HELICÓPTERO

Rosas

Espinhos

Lagarta

Pássaros

Helicóptero

Asas

Avião

Liberdade

Redemoinho

Ventos

E no final apenas libélulas no transcender da noite.

CELULAR

             
             
             
             
             
             
             

Em cédulas⏱

Notas 🎷

Dólares⌛

Euro$☢

Novelas⌨

Séries 🎞

Smartfones 🎧                                    

Cotações☘

Bolsas☎

Banco central💰

Parque de diversões☢

Praia☠

Hotel♲

Paredes⛏

Lençol♡

Grades⚰

Controle remoto🎮

PEDRESTES

ATRAVESSAR    LINHAS PONTILHADAS        SEMAFÁRO

HUMANOS        ANIMAIS       PEDESTRES      CICLITAS

TERNOS     SAPATOS   CAMELOS    DESERTO    OÁSIS

VERTIGEM      COLINAS     TEMPESTADES        CARROS

embalagensdeplásticosembrulhosreluzenteslaçoscoloridosvibrantes

faixadepedestreáguaemmartevidasparalisadacaóticasletreirosdigital

TELAS

Imagens maternas de mães amamentando seus filhos.

Telas.

Polegadas.

Todas as pessoas são amadas e protegidas livremente.

Parede em cor gelo clássico e frio glacial ártico.

No fim do mapa.

Na patagônia.

Esdrúxulo.

ENREDO

         felicidade                                      amar

Natureza                                                              liberdade

Sorrir!

Viver!

    Amanhã andar sobre a terra e viver eternamente.

JANELAS

Enfeites sobre as janelas.

Amanhecer com o café no bule.

O pão torrado

E junto com o amor revelado.

Abrir todas as janelas

E respirar.

Até o pulmão preencher a alma

E depois suspirar.

Sem medo de morrer.

Enfim, viver!

PÁGINAS

Em branco

Lilás

Robustas

Nefastas

Carma

Amareladas

Rasgadas

E desveladas!

COLISEU

Morrer sobre o palco e cantar uma oração.

Sobre todos as nações, desvencilhar,

O abismo.

Hitler, histeria, feminismo, gênero.

Enredo. Catástrofe na indonésia.

Miséria no hemisfério sul.

Coliseu em redes, smartfones.

Internet em guerras.

Suicídios, guetos, judeus.

Nivelamento, sacramentos, batismo.

Panaceia, pangeia, estreito de Bering.

Evolução, criação, embalagens de refrigerantes.

Coliseu em emojis, leões abatendo sentimentos, sangue moderno.

Alteridade em pipocas e redes.

Santidade congratulando comunidades.

Gladiadores em terno e cafeína.

JUVENTUDE EM DIÁRIOS

Sexo em academias e anabolizantes.

Leitões sendo paridos e amados.

Domesticados em sobras de enlatados.

Diário de um Banana.

Diário de uma garota.

O mago em varinhas.

Os deuses dos mares.

Vou vomitar.

Tomei muito café.

O sexo desembrulhado.

E consumido rapidamente.

Perfeito! Vida perfeita!

Uma nova tatuagem.

Um novo lábio.

Pílulas depressivas em selfies.

Marasmo total, paralisia.

Vazio interminável da vida.

BALUARTE

Construções fortificadas.

Laços desprendidos.

O vizinho chora no mês de novembro.

Completar as cruzadas, todos os passos compartilhados.

Desmembrar cada parte do corpo.

Em pedaços, triturar.

Lugar seguro.

Invisibilidade.

Baluarte moderno.

Sem chamadas.

Longe dos satélites.

Ser inexistente.

Que se torna existente.

Suprimir todos os eufemismos

Sábado em solidão.

Domingo no baluarte.

E na segunda vivendo na histeria.

CAIXA

Debaixo da caixa

Tinha um pedaço

De dedo cortado.

 No vazio da caixa os sonhos não encontraram portas, nem janelas. Apenas o concreto fechado e acabado. Morto e dilacerado ficaram os semblantes.

Dilacerado.

Morto.

Desmembrado                            

Depois

Empanado

E mastigado.

E dentro da caixa,

Sobre o assoalho

As marcas,

Das pegadas

Sobrepostas,

Sobre os sonhos.

Alcançar

A lua,

E saltitar sobre as nuvens,

Diluídos

Em amores

sem fim.

PASSIONAL

Amou intensamente. Vividamente. Alucinadamente. Transplantando todos os sonhos. Rompendo todos os dilemas. Preso no amor. No sonho enlouquecedor da dor de amar sem sabor. Passional. Amou demais. Viveu intensamente. Buscou a beleza em sua miséria. E ela encerrou seus olhos para a singela vida. Apenas a ausência de quem um dia foi.

ERA SETEMBRO

Nem verão, nem outono, nem paixão ou ilusão. Era setembro. Nem frio ou vento.

 O calor talvez aproximasse. As folhas já tinham todas caído. Não importava mais. Nem ontem, nem hoje. Talvez amanhã. Mas, depois vinha o amanhã, e não era hoje. Deixava para o amanhã. Amanhã irei.

 Amanhã eu vou. Amanhã eu busco. Amanhã eu trago. Amanhã eu pego. Amanhã eu faço. Amanhã eu prometo que vou. Amanhã.

Talvez amanhã eu termine.

FRIO

Chovia intensamente

Quando ele partiu.

Chovia sobre o meu rosto

Quando ele sorriu.

Chovia granizo

Na minha alma,

Quando ele me bateu.

Chovia fininho,

Suavemente,

Quando ele finalmente,

Morreu.

METÁSTASE

Proliferou como um verme sobre o meu corpo. Fui despindo cada sorriso. Cada lindo olhar. Cada palavra alegre.

E finalmente a doença vociferou. Alcançou cada parte da minha alma. Metástase. E então, agradeci a cada migração de minha inexistência. 

REFLEXO

Pisou sobre o solo ainda molhado.

Estava tudo tão calmo e belo.

Conteve tanta alegria em instantes.

Nesse momento refleti toda minha alma naquela existência.

As portas correram levemente sobre o piso.

E entre olhares desapontou a esperança.

Ainda era uma criança brincando com meus jogos.

E em seu olhar levou meu ser, pequeno

E desatinado.

Até a loucura cantar uma doce canção.

E os meus olhos acariciarem o seu reflexo,

Por todos os dias da minha vida.

GRATIDÃO

No final restou apenas gratidão,

Tanta miséria e pedaços jogados em holocausto.

Suplantaram tantas vidas.

Acalmaram minha alma desatinada.

Ensurdecedora.

Ficaram o sentimento de paz,

Gratidão.

A morte seria mais doce e bela.

Ficaram tantas migalhas.

Apenas os instantes.

Viver momentos e ser grata.

Correntes delicadas.

ISRAEL

Jubilar,

Encantar as nações.

Amar os deuses,

O deus.

Jeová.

No final uma corda no pescoço

Matando todo o niilismo.

Não rezar.

Não pecar.

Apenas sufocar a dor.

Vazia.

Inexistente.

AMIZADE

As mãos delicadas que acariciam a alma.

Toca o coração.

Envolve a esperança.

Embala a vida numa canção infinita.

Os ventos soprando

Sobre as copas das árvores.

Amar.

Cuidar.                                                 

Querer bem

Sentir em companhia.       

Vivenciar alegrias.

Amar com carinho.

Completamente

Preenchido.

ALICERCE

L  

       I

              B

                   E

                          R

                                D

                                       A

                                              D

                                                     E

VIVER EM ESPIRAL. MORRER ABRAÇANDO O CHÃO. DESCANSAR O CORPO PESADO E VAZIO.

                                                                         R

                                                                  I

                                                         T

                                               S

                                      I

                            X

                    E             

TRILHOS

Todos os trilhos descarriados.

Tudo destruído em vagões perfeitos.

Corpos reluzentes em laços coloridos.

Vidas magníficas.

Lábios desenhados.

Cabelos encaracolados.

Alisados e desconstruídos.

VÍSCERAS

Mataram o taxista.

Dois tiros certeiros.

Crime passional.

Sexo e drogas.

Madrugadas de euforia,

vazios, instantes eternos.

Preencher a lacuna da vida,

nos desatinos do nada.

O táxi ficou impregnado de sangue,

sem nenhuma razão.

Era apenas uma noite de curtição,

Entretenimentos,

para uma vida sem propósitos.

Sem guerras, nenhum vínculo presente.

Apenas o momento.

CARTA DE DESPEDIDA

Nas redes.

Preso na rede.

Sinfonia perfeita.

Olhares.

Um corpo caído.

Assassinado,

pela ilusão.

Enloquecido pelo tédio.

Um idiota,

sem propósito algum.

Outros disseram:

Depressão!

Ele mesmo disse

que era apenas sem sentido.

Vazio. Nada.

Um deserto sem fim.

ENCLAUSURAR

EXISTIR?

                             A       U  

                     L                         S

                 C                                   U 

               N                                      R

                E                                     A

                   O                             M

                          T        N       E

                           MORRER!

                  E     X                    T       I      R

I      N                   I        S                                       !

DOR

Calor que rima com amor e dor.

Latente, dilacerante, intenso.

Dor.

Belo, vivo, viver, buscar, sonhar.

Um amor que findou e trouxe a dor.

Uma amizade rompida e uma dor cruel,

Corrompendo todos os poros.

Uma mãe que bate no filho e uma dor de mágoa.

E como é belo sentir a dor, significa que vivemos, construímos, evoluímos, amamos.

E quando a alegria bate em nossa cara a dor dissipa, e então, enxergamos a beleza.

Sorrimos, agradecemos, vivemos.

QUEDA

P

U

L

O

U

DO

P

R

E

C

I

P

Í

C

I

O

INEXISTIU.

FLORES

Sobre o luto,

Enfileiradas adocicando o ambiente,

Nefasto.

Sublime.

O encerramento da vida.

Todas as memórias e lágrimas.

Esperanças nunca alcançadas.

O findar

De tantas possibilidades.

Elas são mesmas adoráveis, flores.

Belas.

Carma.

FOLGUEDO

                                   A diversão da infância em seus folguedos. Ave maria, romaria, bênçãos e unções. Sobre o manto a proteção requerida dos costumes. O vínculo de pertencimento. Somos comunidades e travamos a solidão em rebeldia. Deuses modernos. Geração de crianças pagãs. Nas novelas os falsos deuses, nas manchetes a prece em uníssono.

AMOR

                                   Era apenas mais um comprovante de recibo. A nota fiscal. O fiscal. O carro de entrega. O moço da novela.

                                   A menina histérica da esquina gritava. O camelô não tomava banho nunca. Muitos produtos em promoção no dia mais quente do verão. Ela olhou para o lado e pulou do vigésimo primeiro andar.

                                   O telefone ainda tocava e vibrava sobre a mesa. Do apartamento ao lado uma música doce e tranquila preenchia as paredes de concreto. O rosto dela sorria numa paz infinita.  A caçamba ao lado ficou ensanguentada.

                                   O asfalto manchado e cheio de pessoas olhando. O cachorro parou, e logo o sol se pôs, numa tarde perfeita.

TATUAGEM

                                   Grudou repentinamente sobre a pele. Os poros não respiravam. De repente o ar ficou escasso. O teto da sala começou a encolher. Barulhos vindos da escada aumentavam os ruídos assim que aproximavam.

                                   As crianças corriam. Deitado sobre o sofá assistia o mundo, seus barulhos, sua correria. As falas desconexas sobre os corredores iam entrando para dentro do apartamento. O elevador circulando sobre seus ouvidos. A construção ao lado. As cortinas sempre fechadas.

                                   A cegueira fazia seus olhos abrirem para dentro de suas memórias. O escuro e a luminosidade do dia transpareciam sutilmente. E quando a noite emergia tudo se apagava para ressurgir novamente no outro dia com mais intensidade e velocidade.

                                   Eram dias intermináveis. A loucura tinha face, degraus, transeuntes, passagens de corredores. A luz fosca sobre as portas. O pingo de água que insistia em cair pausadamente da torneira alimentava toda aquela histeria.

                                   No final da tarde vinham as náuseas, o vômito contido. Depois o rosto molhado, lavado e enxugado repetidas vezes. Uma pequena dose de remédio e o mundo parecia por um momento parar.

                                   A tortura parecida findar. Por um momento, um segundo alcançar a paz. Respirar lentamente sobre o piscar dos olhos pesados, exausto. E no final um último suspiro e agradecer pelo fim de tudo isso.

MAR ABERTO

Era ilusão. Passageira. Assim era para ser, mas, não foi.

Continuou…

E por meses e meses.

Até o próximo ano, e novamente a ilusão torturando o corpo já abatido.

E depois o ano correu lentamente como uma criança.

Tudo tranquilo e calmo.

E outro ano começou.

Esse surgiu como um mar aberto de tempestades.

O corpo já não alcançava mais a esperança.

As ondas martirizavam.

E o ano se tornou eterno.

FRENTE E VERSO

O vidro transparente refletia a luminosidade da tarde.

No apartamento inacabado, sem janelas nem outonos.

Apenas o frescor da tarde solitária.

Viver frente aos oceanos.

Depois fechar a porta e o verso da vida.

Acordar deslizando a única porta da varanda.

Ouvir uma música que toca de longe.

Sentir a melodia

Depois enfrentar o vazio

E virar para a vida.

Recomeçar novamente

E revelar somente o verso

Da face.

DESEJOS INACABADOS

Vidas Inalteradas.

Viciados.

Alcoólatras domesticados.

Borboletas em bando, suavizar a alma

Em uma latinha de crack.

Doses intermináveis.

Desprezar a vida.

Viver a vida.

Euforia, lirismo,

Compadecer em imagens cristã.

Desejos inacabados,

Até acabar o último sopro da vida,

Em um trago, uma dose doce e suave,

Aniquilando toda a paz sentida.

JÚPITER

Os horóscopos nem sempre são favoráveis.

Mais um ano interminável de desprezo

Caótico.

Sem nenhuma guerra.

Paz eterna que enlouquece.

Vazio eterno e infinito vivido em um único dia.

Júpiter está tão longe,

Nada sólido,

Tudo vazio,

Na atmosfera.

Nada palpável, nenhum olhar ou toque,

Que suaviza essa guerra paralisada,

Estática e solitária.

Júpiter está tão longe.

CANIBALISMO

As embalagens fluorescentes,

Devorando os homens, consumindo crianças.

Pesos nocivos, laços, papel crepom,

E os homens opacos, embalagens vazias.

A humanidade em código de barras,

Embrulhadas em embalagens coloridas e vibrantes.

Vidas sombrias, sem luzes atravessando seus corpos.

Denso.

Espesso.

Pesado.

Vidas pesadas, concretas, sombrias, densas.

Estamos todos mortos e embalados em cores comoventes.

Nada que toque o coração.

Apenas devora a alma e os sonhos.

Canibalismo moderno de embalagens humanas.

TRÁFEGO

Começar o dia pisando em linhas horizontais.

Olhar o termômetro.

O calor.

Os corpos famigerados nas redes sociais.

Canais de televisão supérfluos,

Desnecessários.

Os homens máquina.

As máquinas que alimentam os humanos.

Tráfego de constelações em viadutos,

Nas escadas rolantes,

Na areia da praia.

Nos corredores de hospitais.

Previsão do tempo.

Calor e ondas de depredações.

Rebeliões urbanas.

No final cadeiras sobre o solo

E corpos enfeitados de flores.

LEMBRANÇAS

                                   E os dias foram distanciando. Depois as lembranças temporárias até ficarem insuportáveis. Não conseguir mudar, nem alcançar. Apenas a espera abraçada com as lembranças.

                                   Dissolver todas as lágrimas dentro de uma taça rasa. E no alvoroço da vida apaziguar todos os sentimentos. Martirizando a alma torturada, condenada ao suplício da memória.

                                   O rosto preso nas lembranças. Os pensamentos dispersos e preso no olhar inquisidor. Morrer infinitamente. Depois lembrar cada instante revelado.  No final, apenas aceitar a recordação do instante sentido.

MULTIDÃO

A garganta presa no congestionamento.

 A mente insana.

O devaneio,

Em caos.

Morfina.

Whisky.

Viver em vícios até não mais sentir a vida.

Compreender a solidão

E olhar a multidão.

Consumir.

Até não mais sentir.

Morrer em barras e enlatados.               

EUFORIA

                 Z

          I

                   G

                                U

                           E

                                Z

               A

                                           G

                           U

                                    E.

PROSPERIDADE

Fim de ano, mês de comemorações, reencontros.

Saudações. Desfiles. Abundância. Exaltações.

Casas iluminadas.

Todos vivendo e compartilhando o amor.

Luzes incandescentes.

Enforcar a solidão.

Comemorar os sentimentos

Abraços apertados, vívidos.

Calor humano, sorrisos.

E no final,

A despedida.

Novamente a tortura de viver consigo mesmo.

Sombras de prosperidades,

Num vazio interminável.

ORQUESTRA

Um tambor…

Pés arrastando uma dança sobre o chão batido.

A multidão assistindo,

Encantos…

E as meninas sorridentes em círculos e batidas.

O cabelo sendo jogado sobre as cordas.

A blusa branca…

Os círculos perfeitos sendo construídos.

A plateia,

Os olhares,

E as meninas bailando a vida.

No final …

Os pés em linhas retas

E a orquestra encerrada e silenciada.

DISPARIDADES

Ah, vontades inacabadas, ruidosas que me acompanham.

Dizeres eloquentes pela madrugada.

Cambalear pela noite embriagada e despudorada.

Sexo, whisky, desejo, libertinagem e disparidades.

Verbalizar todos os sonhos e vontades.

Cantar infinitamente até alcançar a alma desejada.

Finalizar com um beijo repentino que liberte toda

A esperança e seus sonhos ensurdecedores.

Amar.

E novamente amar até ficar para sempre no peito,

Na glote,

Na epiderme,

Nos pensamentos

No peito preenchido e vívido.

MALAS

Tentativas.

Reinícios.

Em vão.

Buscar na mente todas as tentativas fracassadas e inexatas de um mesmo sentimento.

Ser desigual entre tantas faces iguais.

Carregar a mala até transbordar.

Os olhos buscam o invisível.

E o coração oprime o visível sentimento exposto.

Abafar a voz,

E suportar o silêncio.

Até nunca mais ter que preencher nenhuma mala.

Todas as viagens cancelas,

Sem mudanças.

Apenas ficar e fixar todos os sentimentos,

E depois sorrir.

ALIANÇA

O peso do brilho intenso.

A falsidade dos sentimentos.

Os dedos que não cariciaram

E o coração em branco e pálido.

A aliança sufocando,

Os gritos contidos.

A verdade nunca revelada.

A algema estéril.

A prisão em reuniões familiares.

Os comprimidos oprimindo a vida.

A aliança,

Linda e bela,

Cintilando sobre os dedos

Frágeis e despedaçados.

ALVORECER

Feriado anunciado,

Lojas lotadas, embrulhos, pacotes.

Crianças com seus brinquedos brilhantes.

As escadas repletas de indigentes em busca de promoções.

BIBELÔ

                   R       A

    I        E        TU

L       T             R

                             A

amor instantâneo,

bibelô,

enfeites perfeitos, lábios volumosos, seios, condizentes, perfil atualizado.

sem nenhuma leitura, tudo sem graça e belo.

PANTAGRUEL

Anúncios, corpos perfeitos, grotescos, deformados, moldados, moldurados, prensados, gigantescos e vazios.

O herói gigante.

A vitrine que engole homens.

A máquina de massagem suaviza a alma.

Humaniza todos os desgostos e angústia.

Um momento de vida ligada a energia elétrica.

Na tela as imagens das árvores próximas ao lago.

O silêncio… o vento…

O assento de couro macio divido em três parcelas.

O gigante que engole tudo e todos em embalagens coloridas e etiquetadas.

O prato servido e consumido.

A sobremesa embrulhada para viagem.

O amor consumido, devorado,

 E depois descartado.

PENSAMENTOS

 A visibilidade no olhar exposto.

Câmeras.

Sentimentos.

Apesar das notícias pessimistas, saber amar.

Num instante apagar todas as desilusões

E recomeçar.

Reinícios.

Aglomerar todos os pesadelos em um único pensamento.

Ficar.

Estabelecer diretrizes.

E finalmente, apagar.

INÍCIOS

perto do fim

 o início

{Intervalo}

em pausas…

TIRACOLO

Sobre o corpo.

Trespassado sobre o corpo.

No meu corpo,

Estabeleço outro corpo.

Vivencio outro corpo.

Amo em mim outro corpo.

Meu corpo,

No colo de outro corpo,

Morre meu corpo.

OLHAR

       DES

                             CEN

                                                                                        ra

                 DO

                            A                                                dei

                                                    LA

                                 DE                                                                                IRA                                                                          a

         Me vejo

                                                                                 do

                                                       bin

                                  Su           

OLHAR

OLHO E NÃO VEJO

VEJO E NÃO OLHO

OLHO E SINTO

SINTO E NEGO

NEGO E ESTABELEÇO

ESTABELEÇO E ACEITO

ACEITO E VEJO

VEJO E OLHO

no seu olhar.

TIROTEIO

Pontos

Buracos

Cartuchos espalhados

Peito ferido

Tiroteio em cápsulas vazias

Marcas

Pedaços

Parar

Amortecer

A dor

E todos os seus sentimentos

Morrer

Em gostas de sangue

E com um sorriso

No rosto.

TANGÍVEL

Um corpo no espaço

Tangível e ao mesmo tempo invisível.

Pulou do décimo andar invisível,

Com os pedaços expostos ficou tangível,

Visível,

Colocaram sua carta nas redes

Tantos olhares tangíveis

Visibilidades compartilhadas

Sentimentos de humanidades

Fraternidade

Lindo, lindo.

Os desumanos são tão humanos

As amizades sinceras e suas declarações,

E a morte tangível, palpável, concreta.

Vísceras

O rosto maquiado e decorado.

Perfeito, lindo, belo e comentado.

Adicionado, compartilhado.

Endeusamentos.

Estética mórbida.

Vários tons,

Sobrepor cores e designer.

Belezas da vida decadente

Vísceras visíveis e expostas

Curtir, definir, existir

Tudo no mesmo lugar

Sem nenhuma paixão.

Propósito em despropósitos.

A pertinência da miséria.

Banalidades.

DEPRECIAÇÕES

A vida vivida sem valor algum, depreciada e vazia.

FIM.

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12 comentários

  1. Priti disse:

    Beautiful lines! With various words. And at the end everything stays. Well shared.👌👌

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    1. Serena De Primavera disse:

      Thanks.

      Curtido por 1 pessoa

  2. Jean-Pierre Tondini disse:

    Je ne lis pas votre charmante langue et je le regrette beaucoup.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Serena De Primavera disse:

      Le langage est universel, connectant, partageant des sentiments, voulant bien, je l’apprécie toujours, merci.

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  3. craig lock disse:

    Republicou isso em Creative Writing Course.

    Curtido por 1 pessoa

  4. Lagarto Coxo disse:

    Tua poética corta e embaraça, o que é muito bom. Vestígios claros de gente nesta noite escura que nos tocou viver. Aproveitei a trama, fui ao Spotify (apesar de ser refratário / resistente à tecnologia). Lá estavas, calculo. Escutei A Morte do Amor (parte 1). A fotografia que encima o (ótimo) “Depreciações” fala — e alto. Abraço!!

    Curtido por 1 pessoa

    1. Serena De Primavera disse:

      Obrigada pela delicadeza de suas impressões, gostei. Um abraço e obrigada.

      Curtido por 2 pessoas

      1. Serena De Primavera disse:

        Obrigada. Valeu.

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      2. Lagarto Coxo disse:

        Eu quem agradece por sua gentileza, Serena.
        Meio ao léu te leio (especificamente, o Depreciações — não por menoscabo do mais, é que o “deprês” é tão rico que ainda não comecei a explorar os outros trabalhos.
        Abraço pra ti! Valeu pelo carinho da resposta!

        Curtido por 1 pessoa

    2. Serena De Primavera disse:

      Obrigada. E sim, cortar, desmembrar todas as emoções até sentir a vida, o outro. Enfim, viver. Obrigada.

      Curtido por 1 pessoa

      1. Lagarto Coxo disse:

        O outro. Aí está. Abraço!

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