O Engodo Dos Dizeres

Aos políticos miseráveis desse país,

as feridas latejantes que suas garras causam a cada dia

nas entranhas desse homem amotinado e esquecido.

Cátia de Castro Dias

____                                                                                                              

A miséria tem cheiro, cor, voz, braços,

pernas compridas, no caminhar se ouve

o eco do vazio, as lamentações da barriga.

O sorriso entre rugas, falhas do acaso,

Homem luxo do destino, pepino, fino,

menino que brinca na vastidão do lixão,

bemóis de sonhos de contos no chão apisoado,

suado das mãos encardidas,

da lama, dos dejetos de uma sociedade

exaurida de igualitarismo.

Socorrida pelo individualismo,

pregada de nazismo,

sofrida pelo consumismo,

sem Cristo,

tu és uma semente,

que cresceu sem céu ,

sem ao menos piedade.

Conclamastes!

Pecado inventou,

roubaste a matéria

da fé, federações

de ilusões nas constelações,

sensação, morreu a indagação.

____

Estagnação dos sentidos.

Amor dos exauridos.

Estrelas dos namorados.

Marcas, manchas, mãos.

Mulheres desanexadas, espécie.

Sensações de um mundo mocho.

Cruzes entre luzes, luxo

dos muros rodeados de câmeras,

camas de repressão, medo.

Invadiram a loja ao lado.

O medo está em todos os cantos,

em todos os prantos, catástrofe.

Barbárie das cidades iradas,

da miséria cultural, sentimental.

Animais famintos, escravizados,

postos em frente de fibras ópticas,

grades de controle remoto,

com direito a sofá e muito bafafá.

_____

Na praça tem semana cultural.

Cultura?

Culto?

Vão ler poemas.

Um dia antes teve procissão,

cisão de lixo tóxico,

e pouco radioativo.

Mas está vivo!

Vísceras!

Vândalos da situação.

Traições?

De quê?

Nas festas tem sexo,

pouco acadêmico,

mas polêmico,

endêmico.

Coliseu contemporâneo.

Câncer.

DNA.

Dane-se o ar.

Repetição,

astronautas, lusíadas,

guerra nuclear,

repetição.

Vamos renovar a colonização,

e sangrar os sonhos,

nativos.

Ondas de subnutrição

sustentáculos do sistema,

emblema.

Lema

da modernização,

regressão.

_____

O esgoto da cultura humana

cheia de lama que encanta.

As saudações das meretrizes,

a cama dos aborígines,

eu e você, na lua, na rua.

_____

Dizem que o canto é a beleza que resta.

E o homem a tristeza que mata.

Já a flor o único ser a dizer.

Será um passado oblíquo?

Uma tangente cheia de gente?

Gente que sente ou mente?

Crê e vê o ser do ter,

poder viver, esvaecer, saber.

São uma aurora de gororoba,

abóbora, vai passar o que na mão?

Esmolas, não, história,

contato do espaço lunar,

era pra ser luar,

sobraram radares,

cataplasma,

espectadores, espectros,

das malandragens, da ilusão.

O que se tornou o rush?

Olha, não dá pra ver o céu,

apenas prédios, outdoors, vidros,

é a realidade concreta da ilusão.

_____

Semáforo, faixa de pedestre,

buzina, guerra no campo.

Acharam água em Marte?

Que arte do nada, fada.

São as correntes do calor,

a invenção dos olhos,

presos em mentes que mente,

impalpáveis palavras hereditárias,

que nos viciaram até saciarmos,

de um saber que nem ele mesmo sabe.

Invenções de mentes inventadas,

atadas nos sonhos das ilusões reais,

de sinais, de finais cristalizados

ponderados em escolas,

nas mesas de senhoras,

nas paredes de escritórios,

não poderia deixar de dizer oratório.

Essa é minha confissão,

posso até ousar dizer missão,

é bonitinho, fino, cristão.

Posso rir, cantarolar, pular,

menos amar a incerteza desse lugar.

_____

Baixo, abaixo, cabisbaixo.

Baixaria, bruxaria, lataria.

Cólicas bucólicas dos alcoólatras.

Multidões, vilões, botijões.

Garantias de empresas,

de pessoas, de objetos,

abjetos de dejetos.

Sisal a melhor forma de consolo

da miséria infantil, xarope,

cisco do circo visto no lixo,

misto de tudo isso, projetos,

não entidades.

Seria melhores viagens,

a Disney ou Veneza.

Estamos todos gagos, galos de panelas

efervescentes enfeitados de coroas.

Mórbidos de?

Como são doces as ondas do mar.

_____

Alô, oi,

sei que seria um erro,

do dizer ensolarado das montanhas,

crianças são sementes,

a lógica de tudo isso.

Não basta ligar,

é preciso compreender.

Tá, tchau.

_____

Leveza, aspereza, limpeza,

beleza, fresca de outrora,

ortodoxo, minhocas, panos.

Cobriram os ensinamentos,

a didática da tática,

estática, elástica, tão casta.

As regras do caminhar,

a política do falar.

Não! É ética e moral.

Então casaram os inocentes,

vieram os imprudentes,

mas só quero falar no sangue,

que escorre, esconde,

cheira, simboliza,

amamenta,

desperdiça, cria,

renova.

As carnes da terra

que se perde na sangria,

fria da morte, dessa sorte.

_____

E o sereno dessa vida serena.

A matéria,

os critérios,

mistérios,

sérios,

os loucos,

palavras duvidosas,

caminhar incerto,

o sebo,

o bêbado,

vômito,

cômico,

do manicômio.

Cosmopolita,

Cosmovisão,

Comoção,

Corações,

sem soluções,

não é nenhuma dor.

Só o engodo do dizer.

_____

A prisão entre quatro paredes,

no sufoco dos olhos,

no vibrar da voz,

canto de glória.

O pão chamado hóstia.

A lógica da memória,

como rebelião do presente,

essa semente nos azulejos,

exaltados nos corredores,

desses amores de odores,

podres de sabores.

Seria a imensidão da cadeira?

A ilusão da caneta?

A vertente da serpente,

nesse trajeto dúbio ,

da discrepância da razão,

da loucura da paixão?

Ou a mordaça do coração?

_____

Ganhei um cristal, um duende,

parafraseando, esqueci,

mas já li, não sei onde?

nos tornamos ciganos…

ganhamos mais vitrines,

os sonhos em pequenas parcelas.

Náuseas de depressão,

lágrimas secas, soluços mudos,

salas de bate papo,

o vento apenas um xingamento,

chuvas de inseticidas,

o espaço para o lado gasto,

o cansaço do contexto, beco.

Beijamos os ídolos,

corrosivos do infinito.

Novas prisões superlotadas,

apertadas, concertadas, privadas

da ignorância, mães martirizadas,

civilizadas nas calhas, calam.

_____

O existir das lamentações,

como canções, dedos de carinho,

agora o parquinho.

Viver o tempo de uma poesia.

As vezes com suas rimas seguidas,

toda desconexas de qualquer sentido,

como uma parábola sem graça.

As pedras das depredações

presas num único desejo,

entre víveres de plantas encobertas.

_____

Calabouço, cabo, choque, misérias.

Tem uma luz acessa.

Estamos aqui para tranquilizar.

Cabeça  de papel.

Quartel.

Trancando, trancando,

está armado, armado,

de revólver, de fome, cultura indigesta,

infidelidade partidária, corrupção

analfabetismo, plano de saúde.

O Funk veio para ficar?

Transporte alternativo,

sociedade na ativa,

nativa,

viva.

Hoje é dia cívico.

Natalidade,

Mortalidade,

idade,

capacidade.

Cidades enlameadas,

Embrenhadas,

Banhadas,

melhor não continuar.

_____

Restaurante distante do instante

em que o buxo urra, gruda

nas paredes do sistema,

ouçam o barulho das latas,

silêncio, silêncio,

o cheiro não é bom,

cadê, cadê, cadê

aqui,

não, não serve

tenta essa outra,

tá bom.

Hei, me dá um pouco, toma

Tá olhando o que meu?

Hei, me dá mais,

vamo leva, vamo leva,

aqui, pega.

Não, esse não.

Vamo passa pela outra rua,

que roupa curta,

meu olha aquela lá,

vamo sair daqui.

Ali tem jornal,

aqui debaixo,

tá frio,

chega pro canto.

_____

Lugares fechados, cadeados,

anúncios de rostos felizes.

Febre.

Boa tarde,  como vai?

Compras, ovelhas, cordeiros.

Convulsão.

Com tantos olhos fechados,

entre tantos lugares,

as  margens só levam lembranças,

como crianças nas miragens,

esgrima, crisma, carestia,

a ciência como projeto da espécie.

E a angústia num bom ângulo,

em quadrados, enlatados,

entre anúncios pudicos,

o mundo em dimensões gigantescas.

_____

Saltos, olhares capazes de se dar.

Amar a insegurança do lugar.

As águas da cachoeira,

presas no céu mórbido do dia,

uma corda, um grito,

a alegria em êxtase momentâneo.

O tempo de um salto

cósmico das ilusões perdidas,

vividas, e o paredão a força

a clamar a ausência da certeza.

Junto com a correnteza, o frio,

o sol, a matéria lúdica,

presa num único lugar

a chamar a liberdade,

fadada nas veias efervescentes

a adrenalina, o homem.

Como crianças brincando

com os antagonismos certos,

da coragem, e do medo,

dá vida e da morte.

Dá liberdade presa numa corda,

e a aventura a nos desafiar,

como incansáveis humanos que somos,

nos atiramos, despertamos,

em minutos um brilho,

uma vida nunca antes vivida.

_____

… e o amor se dissipou em um salto.

para as incertezas lógicas,

das vadias migalhas,

que o dia insistia,

nessa cisma de felicidade.

A capacidade humana,

abandonada para o nada,

como viagens suicidas ,

dos parceiros rasteiros,

nos monastérios, dos mistérios,

a guiar o ar do calar,

para a discrepância,

dá ânsia do amor.

_____

E o homem se fez no barro,

as paineiras de um lugar,

chamada imensidão, com cercas

e farpas na carne a arranhar,

esse passado autoritário e libertino.

Agora a matéria invólucro,

no universo moderno do tédio,

perto das lendas regionais,

sinal de consciência dissipa

das linguagens viris dos vivos,

assim as malandragens…

Entre bagagens, passagens,

escorregadias, sina da rima,

que se guia no vácuo,

cosmológico do gótico.

Micróbios de fobia,

em riba da pipa,

a extrair

e exaurir esse dia.

____

A maquiagem a camuflar

Essa inópia de distúrbio,

entre Maquiavel e Jesus,

emaranhados nos cadafalsos,

ilógico da lógica das lojas,

nos subterrâneos dos pântanos

a embrenhar esse ar túrbido,

rochosos do planalto rasteiro,

da imensidão humana,

crivada na lata da privada.

_____

Tom Zé, o Zé do sertão manso,

do destino puído do lixo,

arranhado do vinil,

a desbravar e garimpar,

a poeira da seca inaudita,

onde aquele personagem

filho de Maria, sonhador,

esqueceu de aviltar a sede,

rouca das lavadeiras,

de caatingas, de jaboti.

Correntezas da fome exaurida,

no agreste do universo, buxo

de Irará irá um mar de sutilezas,

de belezas do pensar, tido subversivo,

da rosa dos ventos, do norte,

onde se apresenta, inventa.

_____

Arriscar, para sonhar,

desejar e mudar o lado de cá.

Caracas, cotovelada posta

entre queixos, queixas, barbearias,

sapatarias, candelabros,

das noites opulentas, lentas…

lentas, lentas, lentas.

Entre vidraças empoeiradas,

dá vida virtual desse animal,

transfigurado da humanidade passiva,

não vou usar novamente masoquismo.

Assim sussurram, surram, suam

iii, tem gente do lado de lá,

esfregando, plantando,

trafegando sobre colheitas,

entre distâncias turbulentas,

vão aumentando a ambiguidade,

das desigualdades aflitas,

dos filhos do sol irado,

nas barbas finas,

dos arruinados mausoléus,

sem aromas para afugentar,

esses lugares de bicharadas.

_____

Setembro, pularam as férias,

que incorro nos esgotos,

quero sair para o mato,

pegar carrapato, fiasco da memória,

onde a onda é congestionamento,

esse estrangulamento de pensamento,

de tempo, de mente, de semente,

nos incautos dos pedágios.

Nuvens de parentesco,

nas asas de um pássaro,

solto no invólucro , lucro,

que aumenta na sangria,

da ruína frente à tela de proteção,

do meu computador de dor,

martirizado para a amizade,

sem bolo de aniversário,

sem feriado, sem espaço,

alternativo, criativo, vivo,

para as almofadadas

caminhadas no elevador

da subida que desce,

o estreitamento dessa condição,

dessa disposição, sem posição

alguma a confrontar esses ossos,

que só quer o humanismo,

para todos os ismos, mas,

sem abismo para nós humanos.

_____

Pô, tô produzindo, consumindo, sumindo.

A minha posição de ser pensante,

errante nesse naufrágio de alienação,

que me cobram, me torturam,

as calúnias do meu ego

preso nessa esfera padronizada,

rejeita até o último padecer,

um sopro,

um cansaço repentino de dias,

e se transformar no peso de ser

diferente do lixão generalizado,

duchas, e as impurezas continuam,

de nascer nesse sistema,

que impregna até na dor,

de sentir um pouco de amor.

Corais agonizantes das depredações,

das ondas poluídas a naufragar.

_____

Pobre poesia de fantasia para a paralisia

vazia cerebral da moçada caçada

nos “guetos” da urbanização, da banalização

sem canção, recorremos  a Férrez,

Dostoievsky.

As mazelas da miséria

para as panelas das senhoras solteiras,

no emblema do corpo,

assalariado para o passado,

 parado em guilhotinas,

tintas concretas do opaco espaço

que é dado nesse mercado materializado

de descartáveis humanos, tornamos.

_____

Sonhamos, acordados nos ruídos industrializados.

Dos comportamentos sentimentais, desses sinais.

_____

Traço, soterramento, demolição,

lona negra, símbolo de tudo isso.

_____

Cadáveres da chacina, cassino,

cachimbo, quilombo contemporâneo.

_____

Coletânea, coleta de lixo no lixão

da periferia ferida de analfabetismo.

_____

Betinho, Bentinho, Zezinho, pelada,

jogo de futebol nas planícies rochosas.

_____

Invasão ou ocupação?

Globalismo, populismo.

Não sabe?

Não conhece?

A realidade da carne,

suplanta de nada.

Colosso.

Humanidade,

cansada de maldade.

Cordel, comunicação, continuação,

contaminações do lençol freático,

desenfreada civilização,

da paisagem virtual, ladrilhos,

beduínos

persuasão do gigantesco remédio,

melodrama do drama, hidratante.

_____

Caricatura de criaturas dita popularmente

de seres humanos, em expansão nas labaredas

do átomo ruflado em dióxido de carboneto,

nem sei mesmo o que isso quer dizer?

Mas se trata de seres perfeitos

para os desenhos caricaturados,

robustos dráculas coados em parafusos

difusos nos fusos horários, salários.

_____

Salamandra.

Samambaia.

Seborreia.

Gonorreia.

Sinfonia perfeita.

Cicuta, sova.

Pantomima.

Filantrópicos.

Não conhece?

É o falar dos trópicos moídos,

puídos pelo Norte da morte,

para a efervescente desumanização,

de nós irmãos a laborar,

ontologicamente, gigantescamente.

_____

A privatização que apagou a iluminação.

Nessa esfera democrática, casta, Ave-Maria.

Mas você não vê.

Mas você não lê.

Mas você não crê

Tentaram ensinar, doutrinar

no lixo que o capitalismo,

maculou, consagrou.

A seleção brasileira não vai bem?

Dalila, lírios, ufanismo,

que se afogou no lodo,

rústico das bandeiras,

adjacentes, crisântemo.

Privatização, privada da nação.

Cânticos nordestinos nas águas da sede.

Sermões messiânicos.

Mas você não vê.

Mas você não lê.

Mas você não crê.

_____

Já escrevi talento preso ao excremento.

Já omiti uma sinfonia desafinada.

Fernando, Itamar, Fernando, não ando bem.

Depois do golpe esta República a golpear.

É, posso dizer de matar.

De sufocar, enlouquecer, estremecer.

Onde esconderam o PCB?

Ah, os filiados se dissiparam,

Fala baixo, pra onde mesmo.

Nossa! Que discrepância,

Deve ser a ânsia da ganância.

_____

Revitalização de Cristo.

Revitalização de epidemias.

Revitalização da barbárie.

Parece uma espada Romana,

leões, cristãos, pão, circo.

Diminuíram as impressões gráficas,

aumentaram os números de famintos,

minto, cadáveres exauridos de alimentos.

_____

O regresso às páginas vazias.

A contida náusea depois das águas.

Calar para ver o dia nascer,

parece sublime, místico,

segurar um pedacinho da vida mesmo

que seja momentâneo,

esse lutar por esse cotidiano,

infame, em que um minuto,

torna o infortúnio sublime.

_____

Galerias.

Calmarias.

desse pesadelo,

ilógico,

da lógica,

racional,

seja inatista,

ou empírica.

Só os amantes,

viciados e ilhados,

nesses entrances,

das tramas,

ocultas,

para suportar,

esses rostos

dispersos ,

em algum

lugar.

_____

Tomar a água fresca do dia.

Banhar os sonhos de um guia.

Sentir a saudade de Luzia.

Perder noites claras nas águas

cristalinas, entre relvas, selvas,

aves, pares de pedras belas.

Garantir o amanhecer momentâneo,

entre tantos meses, um minuto

no silêncio do despertar do dia.

_____

Céticos, sérios, servos, versos.

Vela nas capelas das velhas

 Inauditas, dita corrosiva,

Vivas as paralisias.

Montar os palcos dos fracos,

desses macacos, entre cactos,

atos, astros da imensidão,

na Minerva,

na erva,

venerada,

amada.

_____

Metros pujantes.

Dos jantares

Coloniais.

Clarabela.

Sobrados,

Enfileirados,

nas terras

soltas

a escorrer,

entre chuvas

e almas

arremetidas.

Pavor,

Dor,

e o sol

nem mesmo

mudou.

_____

Martelo,

Mar,

tela

de um bar,

olhares,

andares,

o ser pulsante,

desse instante,

querer

compreender,

florescer,

flor,

ascender

um ser.

_____

Atitude,

Apagador,

régua,

acompanhar esse lugar único,

chamado, sufocado no ar pueril

desse veículo,

voar entre sombras,

posição

esquecida,

medida,

como inverno transparente,

ouvido nas manhãs bucólicas,

levando, sonhando esse destino.

_____

Chave,

voltas, círculos conhecidos.

Porta,

distanciando, afastando a possibilidade.

Tormento,

o momento da loucura,

trancando ou fechando.

Maçaneta.

Força,

Porém, a ousadia,

assim a liberdade.

em passos largos,

alegres,

nos encontros

de seus sonhos.

sonha.

_____

Continuando sobre a possibilidade.

Será que ela é visível?

Mas se os sonhos são contidos.

O que diria a liberdade sobre a possibilidade?

Gostei dessa palavra,

soa com audácia, vontade,

tem que ter construção,

para que o possível

possibilite essa possibilidade.

Qual a nossa possibilidade

de mudar o individualismo

consumista desses dias ruins,

que nossa imagem arrebentou,

sobre a concretização do bem coletivo

para essa dimensão caótica?

São várias as nossas possibilidades

até mesmo de chorarmos frente à brisa,

a esse mundo bonito,

que nossa alienação continua a não ver,

a não sentir, e os movimentos sociais

continuam a efervescer, e nossa pele

apenas esse frio monótono,

de nosso pensamento bobo.

_____

Alistamento.

O patriotismo do vento.

Era pra dizer excremento, mas não soa

muito bonitinho, que lógica incorreta.

Lugares aguçados dos bares

com suas meretrizes aluídas, lúcidas,

Arrebentando padrões, caixões estranhos

nas avessas das belezas singelas

dessas donzelas, levadas, amadas,

não ousaria dizer tanto.

Que sonhos,

 que ser caótico,

postos nos becos dos bêbados,

ruídos das construções, ensolaradas.

Cada caso um caso pardo

do destino, entre miragens,

maquiagens, sinais do tempo,

ensopado da vida enlaçada

de laços desbotados, amarrotados,

em rostos enrugados,

de almas corrompidas.

Pela frieza do amor,

enleado, surpreendido,

corrompido pelas esmolas,

roucas do suor produzido.

Quiseram sonhar o tempo de um sorriso

amarelado, desprendido desses dias ruins,

assim se foram, assim vieram,

assim quiseram, assim lutaram.

Assim morrem,

Espremem,

Envelhecem,

como maracujá.

Como orquídeas,

nascem,

e como

relvas molhadas do orvalho,

o sol secou…

Cresceram os inocentes,

no ventre dos imprudentes,

que você não sente.

_____

Aeronave.

Irradiação.

Cosmopolita.

Contaram as latas, as batatas,

estão cantando, conclusão:

quero ser marujo quando cresce.

Viraram palestrantes os insetos

sobreviventes dos inseticidas.

Qualy, qualidade de vida.

Corromper é crescer no ambiente de trabalho,

luxo de poucos.

A honestidade não é economicamente viável,

tentemos uma outra alternativa.

Os assaltantes se tornaram os funcionários

responsáveis pela melhor distribuição

de renda nesse país, sem burocracia,

assim a justiça funciona melhor

mais rápido e segura.

Nosso cliente é você.

_____

…a fuga dos surpreendidos dias.

desse inverno sufocante, amedrontado,

as abelhas alucinadas, fatigadas,

produzindo, cantarolando em bando.

Quiseram fazer construções

em cima de ruínas,

demolições

sem nenhuma solução.

saber sobreviver.

até o instante…

desse espanto, rastejando por um pouco de luz,

no calor aquecido das chamas azuis,

lutar

pelo conformismo.,

no buxo,

da história,

senhora da memória,

dessa hora,

tão problemática, dos homens despedaçados

e das sutilezas tão desenhadas.

_____

Nove dias,

pisaram em concretos desarmados.

Onze dias,

enfeitaram as ilusões arrependidas.

Inventar,

e buscar os abismos infinitos da realidade.

Idade avançada para quem acabou  de nascer.

Avalanche longe dos barracos,

enfileirados, empoleirados, empoeirados,

dos doentes amotinados no escuro,

Caminho da sina transparente.

Entre corredores desfila a náusea.

Hemorrágica, estática, pálida.

A miséria infantil do limiar,

da loucura acadêmica,

semblante da velhice cômica.

Saber e não esvaecer,

da poesia ruidosa, horrorosa.

que brota do desconsolo,

da impotência, da essência.

cênica de meu ser.

_____

Sob a vigia dura do tempo,

de novo a náusea sufocada,

compreender a solidão querida.

Queijos embolorados,

gostos transformados,

ilhados, pássaros falsos,

da miséria generalizada,

alianças arranhadas, intactas…

talismã das vontades esquisitas,

o homem é mesmo estranho,

e tão conhecido,

que acaba virando estudo de alguns,

loucos apaixonados, sonhadores,

das peculiaridades desse ser

antagônico, bucólico, frenético.

Esperar, entender o que não se pode compreender,

que é a beleza enfadonha,

das mazelas,

das incoerências, dessa coerência

corrompida, despida a cada dia.

_____

Ah, o sublime amor como forma

de encantamento da humanidade,

manipulada até por suas falsas

declarações amorosas, ardentes ilusões,

manifestadas no consumo de massa.

Essa massa esquelética, diabética,

que se cria num passe de mágica.

Câmera, ação.

Cadê as pipocas?

_____

Continuando…

Conseguiram transformar o amor

em banalidade.

A indústria do entretenimento,

do invento,

do masoquismo

embasando a realidade,

E distorcendo a capacidade do amor

latente, fulminante, revolucionário,

que não se cria ou espera,

acontece, não pede licença, perdão,

transforma,

nos conforta.

Não podia ser tão cruel,

os sonhos são possibilidades

de transformação da realidade.

_____

O cansaço,

as lágrimas pujantes,

trancafiadas na alma vazia,

os ardores da vida desiludida,

esse homem sofredor, lutador,

em que nos tornamos,

 que não confortamos.

Consentimos cabisbaixos as tristezas

puídas, os passos sem sentido,

o sorriso exprimido nas feições

amargas, sofridas de quem se esqueceu.

_____

Essa memória traiçoeira

que nos leva ao passado indigesto,

aos sonhos do futuro incerto.

Certo  será as calúnias

dos mosaicos pendurados

em vertigens singelas.

Semblantes.

As borboletas é que são felizes,

e os sorrisos  brotam do nada,

da cômica vida, que se aproveita

do caos humorado do nada.

_____

Aluguéis de levas incandescentes.

O cometa que passou se dissipou.

Amanhecer eternizando a esperança.

Consagrando a infâmia.

Arruinados concretos discretos.

Das passadas enleadas.

Sobrados garantidos.

Abandono retalhado.

Comensuráveis palavras.

Arrendamento de lotes.

Confecções de anúncios.

Malhação dos porcos.

Camuflar a luta dos inauditos.

Dos ditos excluídos de tudo isso.

Nas longas jornadas pesadas.

_____

Ajuntamento das lavadeiras.

Sorridentes nas beiradas dos olhos d’água.

Resumindo contos enfileirados.

Da minha janela projeta sombras,

De pássaros voando frente a minha caneta.

Querer saber as oscilações do tempo

Entretanto os escândalos cânticos,

Dos sermões arrependidos e doces

Vou escrever figueiras parece romântico,

Poder entrar na poesia suave de outros tempos.

De outros momentos que não este.

_________________

A minha janela continua projetando

as sombras dos pássaros em seus voos matinais.

Pareço uma velha de oitenta anos

com meus pés gelados,

minha alma ensebada, meu ventre seco,

meus desejos sumidos, meu paladar esquisito,

meus amigos, bem, eu esqueci de cativá-los.

Porém, ainda continua com a minha poesia,

minha infinita poesia, egoísta, saudosa,

dramática, silenciosa e ruidosa.

Não espero a morte, nem fico sentada

na varanda vendo o que dizem ser a vida

passeando como dois namorados.

Só fico esperando esse suave deslizar da caneta

nessa folha imóvel, que depois recordo,

um pedacinho do tempo mágico como o vento.

Apesar de meus pés continuarem gelado,

Essa poesia continua a me aquecer,

Ela não desiste e nem implora.

Às vezes é inoportuna, meticulosa,

A minha alma uma poesia duvidosa.

Que me socorre e tormenta,

Um mar de calmaria tempestuosa.

_____

deixar fluir, resumir…

as gotas banais do risonho

sonho momentâneo do dia.

desaparecer as rugas…

entrepostas lado a lado

desses pincéis tortos da face

incompreendida,

seria dramática escrevendo esquecida.

O coletivo sentimento

postos agora individualmente,

nos humanos somos mesmos egoístas.

Mas voltemos mansamente a humanidade

diferenciada por suas vontades,

a dramaticidade como sinônimo

do pensamento irradiante desse ser,

agora melhorou um pouco.

Os nossos sentimentos individuais

parecem absurdos frente a tantas agressividades,

é como se a felicidade fosse egoísta demais

diante desse globo colonização,

dessa martirização,

no qual concluíram esse ser.

_____

Contatos, assassinatos,

documentos exatos

das baboseiras,

grosseiras.

Inventar pensamentos.

Construir sentimentos.

Crendices de meninice.

Os olhos correndo nos vagões.

Alucinados da espera indesejada.

Tamanhos vultos.

Deslizamentos nas planícies.

Águas poluídas do azedo fiasco.

Consagração de imagens.

Imagens consagradas,

pelos telespectadores ouvintes.

Formação de comportamentos espirais.

_____

O rápido olhar.

Quantas vezes nos apaixonamos?

Sempre e constantemente?

Ou uma simples e única vez?

Quais são as definições do amor?

Quando sabemos que é falso?

Sempre é verdadeiro enquanto vivemos?

Viver ou esperar transforma alguma coisa?

O sofrimento se dá quando não somos correspondidos?

Ou quando não conseguimos manter a criação do amor por nós esculpidos?

Todo amor é belo?

É confrontador, rebelde ou suave

como uma pequena flor em mutação

nos espinhos ardentes de quem o toca?

O que é o amor de dois seres,

quando os olhos se cruzam, e só o tempo

os separam, como uma faca

afiada cortando um membro,

que ensanguentado brada até a morte?

Como se descreve um amor?

O que queremos realmente do amor?

Ë viver a eternidade em um minuto?

Contar a vastidão num beijo sublime,

corrosivo das tempestuosidades da solidão?

O que é o amor?

_____

Acender um palito de fósforo.

No meio do sol escaldante.

À surdina da madrugada,

A água cristalina poluída,

Pelo cotidiano infame,

Da beleza putrefata,

Dos calabouços, nos esboços

Dessa vida pintada rapidamente.

Sinceramente, que sacramento

Banalizado que você se entregou.

Não há luz tamanha para iluminar

Essa caixinha, úmida, sombria, bolorenta,

Cheia de gente estranha, só esparramar.

Não basta, é preciso perdurar os acontecimentos

Até que firme e os olhos não mais os crie.

_____

Sintetizar nem sempre é bom,

melhor seriam páginas e mais páginas.

As explicações não deveriam ser tão curtas.

Concluir o que poderia durar para sempre,

essas ousadias pretensiosas que ignoram

o breve compreender do instante.

Os cantos sempre são doces,

nas vozes apaixonadas que não

silenciam nem mesmo no abandono.

____

E a criança ao lado do lixo brinca,

dentro do lixo, cata, rasteja, cresce…

O esgoto a céu aberto, no céu aberto,

na sua frente fede, bela paisagem,

Deus é mesmo onipotente, impotente.

Moscas são apenas beija-flor,

nessa flor maior que o capitalismo pariu.

O lixo atômico, urbano, sentimental,

Nas ruínas das indústrias o homem se cria.

Pai nosso que estais no céu,

santificado seja o vosso nome,

E amargurado seja o nosso homem

Que não come, não dorme,

Venha a nós o vosso reino,

Seja feita a vossa vontade,

Nossa vontade mesmo é de nos transformar

em alimento, neste reino subnutrido,

assim na terra como no céu.

O pão nosso de cada dia,

acabou, extinguiram a fé no pão

de todo dia, se é assim aqui na terra

não quero ir pro céu, ele não é grato

de minha presença.

nos daí hoje, o que não tivemos

ontem e não teremos amanhã,

perdoai-nos as nossas ofensas,

Mesmo que seja o de pensarem em um pouco

mais de alimento e justiça,

assim como nós perdoamos a

quem nos tem ofendido,

ou mesmo nos esquecidos,

e não nos deixeis cair em tentação

mesmo que seja a de roubar um pedaço de pão,

mas livrai-nos do (desse) mal. Amém.

_____

Cobertores nas calçadas.

Mãos debaixo de semáforos.

Enxadas no asfalto das cidades.

Humanos puxando carroças.

Caroços duros dessa difícil vida.

Não consigo compreender.

Filas, quarteirões, filas, leitões prontos

para o abate, formulários,

entrevistas, honorários,

horários, sábados, domingos.

Chega!!!!!

O tempo não está bom,

Parece que vai chover.

Querem demissões voluntárias,

É o ano dos voluntários.

Já ia escrever otários.

Cadê Betinho?

Cadê Zezinho que não veio à escola.

Cadê aquela senhora que saiu do manicômio.

A esperança se arrasta, enlaça,

gruda no corpo, nas vontades.

Fila novamente, esse apagão ninguém apaga,

ninguém acaba, meu sindicado está conformado,

meus sapatos estão gastos,

minhas moedas estão escassas.

Cadê Betinho?

_____

Hoje o sol bate em meus pés,

Não estão gelados, da janela

Ainda percebo a correria dos pássaros

Em seus voos matinais, não pareço

Mais uma velha de oitenta anos.

Apesar de querer estar com oitenta anos,

Mais nem tenho um terço da idade.

E essa folha ainda continua imóvel,

Pálida até o momento desta caneta

Ultrapassar  as suas linhas, com seu

Toque de angústia, alerta, deterioramento

De meus pensamentos, talvez em vão.

A cama em que me deito é sempre a mesma.

Os pássaros que passam pela minha janela

são sempre os mesmos.

E essa poesia será sempre a mesma.

De meu universo escrevo versos

Que ultrapassam a minha alma

Para cair nessa folha imóvel e pálida.

Meu mar continua na calmaria

tempestuosa, porém agora vejo sol,

Navegar já não é tão dolorido.

Mas meu rumo continua desconhecido.

_____

Sobre o olhar rápido, não consigo esquecer.

Ao mesmo tempo gostaria de continuar as perguntas.

Mas não, só quero lembrar daquele rápido olhar,

Em vão?

E se o tempo o apagar?

Estou aqui continuando com minhas perguntas,

Que não ouso responder.

Agora dou minhas pinceladas

No dono daquele olhar, que enfeito,

Visto roupas engraçadas,

Sem ao menos saber o gosto de sua boca.

O mês das chuvas está próximo.

E essa tatuagem que não desgruda.

Sempre continuaram doces os cantos.

Nas vozes apaixonadas que não se silenciam,

Nem mesmo no abandono.

_____

Seria bom parar para repensar.

Com quantas senhoras viestes embora?

Às horas do mês de agosto não passam.

Soletrar até soterrar as besteiras.

Concretizar nem sempre é fácil.

Talvez suportar seja ilusão.

Operações são complicadas.

As trevas se sobrepõem a luz.

E a luz se sobrepõe as trevas.

Essa luz sempre nos enganou.

Seria mesmo bom parar para repensar?

O pensamento constante é uma constante

Invariável, no nada o vácuo vasto.

Melhor parar para depois continuar.

* * *

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