Summary
Minhocas Flutuantes
—
Send in a voice message: https://anchor.fm/catia-castro8/message
Minhocas flutuantes
E começou pisando devagarinho, pulou maré, acordou sobressaltada num buraco estranho. Olhou para o céu, nem noite ou dia. Escalou os novelos e entre os dedos minhocas dançavam. Olhou novamente para o céu, não viu estrelas, nem nuvens, apenas gotas coloridas acariciavam seu rosto junto com seu corpo inaudito.
Continuou caminhando devagarinho, agora caiu num túnel sombrio com paredes grafitadas de céu. Mas, era um túnel e as minhocas continuavam dançando.
No chão estrelas piscavam. Deuses, duelos de gigantes, bebidas, alucinações e uma carta parada em cima do bueiro. Começou a pular maré, mas, ela não ousou abrir a carta, continuou dançando junto com as minhocas.
As escadas começaram a flutuar e uma música perdida em ritmos distorcidos, foi invadindo o espaço. E as minhocas transformaram em homens de cabeças congeladas. A neve percorria seus pés e foi congelando seus dedos, até infiltrar em seu coração. Tentou gritar, mover, ficou totalmente paralisada e de boca aberta. Muda, morta, imóvel, seus pensamentos giraram o mundo, buscou compreender. E de repente olhou a carta e minhocas saltaram de sua boca flutuando em meios aos versos. Seus pés descongelaram, tentou alcançar aquele bueiro pensando que dentro daquela carta estivesse as respostas desse espaço. E as minhocas flutuantes desapareceram junto com aquela carta. Acordou na calçada de uma loja de pescarias em meio a restos de minhocas e ração para peixes. Era inverno e o céu em grafites negros, desejou ser minhoca. (Primavera De Oliveira)
A página agora possui uma chave Pix para que você possa colaborar com qualquer valor! Anote a chave e contribua para mantermos novas histórias. Chave: catiacatia178@gmail.com