Cartas não reveladas

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Cartas não reveladas

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Cartas não reveladas

A manhã consumia o sábado, junto com os pecados, relembrou de sua infância, suas alucinações e todos os verões ensolarados. O sol….ah, era o calor da vida, as montanhas perdidas em seus vales insanos, existiam coqueiros, matas, brechas de grotas enfileiradas do destino. Caminhou suavemente pelo asfaltou.

Hospedou as doenças dos sermões, das rezas, oferendas, dos castigos tão bucólicos. Malefícios da vida, continuou caminhando torridamente. O tempo pedia cartas não reveladas. Não devia abrir, nem relembrar o passado indigesto. Existia gratidão pelo destino oferecido. Mas, existia o tempo e nele todos os pensamentos. E a consciência, suas alucinações e indecências. Viveu avidamente cada minuto. Desafiou todos os pedidos, igual a Sísifo e seu destino.  

Nem palpitações ou condescendências. E depois de tanto tempo, agora a carta como uma febre lembrando de sua responsabilidade, suas escolhas. A verdade não revelada ou sentida, apenas compreendida. E no final de tudo isso, ela não ousou abrir a carta, as regras e todas suas oferendas que pediam licença. Sufocou todas as verdades até o peito não mais suportar. E na manhã do sábado, sem palavras ou reverências, pulou do parapeito da vida, e assim cambaleou até o último suspiro e dor existente.

Talvez, se tivesse tido a ousadia de abrir a carta. Ah, aquela carta que acompanhou toda sua existência. Uma verdade não revelada ou aceita, apenas pensou nos outros que não suportariam toda a verdade. E assim, de abismo e compaixão deitou sobre o destino e findou todo o sorriso. (Primavera De Oliveira)

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