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A manchete do jornal estava em destaque. Peguei rapidamente o jornal, coloquei a leitura em dia, como se as notícias me envolvessem. Suas mãos percorriam o celular. Exatamente nesse instante olhei apressadamente seus braços. Havia algo neles que me envolvia. A calma. O gesto. A pausa. E a voz extremamente silenciosa me direcionava para o infinito.
Novamente ele foi embora rapidamente como todas as noites. Mais um dia de espera. Somente amanhã irei reencontra-lo. O jornal velho do dia. Seguro nesse instante os noticiários. O texto sem sentido. As pessoas começam a entrar, conversas paralelas, histeria, recados. Mas, ele já estava lá. Nem notou meu jornal, minha presença. E como sempre o horário, as férias marcadas, as estampas erradas.
O dia amanheceu, mais uma noite em lembranças. E novamente o mormaço da vida, a espera.
A busca de notícias. O apego do coração. A mente insana e dormente, enfatizava o riso. Talvez o gozo. A rapidez dos sentidos. O ventre em demência. E novamente a espera. Mas, hoje algo infinitamente desumano me arrastou para o precipício. A pasta, e o coração ressentido nas mãos, caminhava. E de repente levantei o olhar. Ele estava próximo demais para qualquer mudança de percurso. Não consegui desviar. O peito parou, dezesseis segundos. (Primavera De Oliveira)
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